sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O CÉU OU O INFERNO PARA ONDE IREMOS TODOS NÓS?


Introdução ao tema 

Irmãos e  amigos  o  nosso tema é intrigante, exige  muito  estudo bíblico, busca  do que  os autores  cristãos  sérios disseram no passado, autores  do  presente, autores  do  passado   da  igreja  já  disseram,  e o que  já  escreveram  sobre  esse tema  tão  antigo e  tão atual chamado de  céu e inferno? Para  onde  vamos  todos  nós? Eis a pergunta sem resposta.

Esse tema intrigante, já  faz  muito  tempo  que estou querendo escrever, mas não conseguia, me sentia incomodado  em minha  consciência  para escrever  algo assim sobre  esse  assunto. Mas sempre havia deixado  de  lado. E durante a noite vinham os fantasmas em minha mente, me atacavam  dizendo que eu deveria escrever, então comecei  a procurar algum material para tal artigo, e  quando  ia  tentar  escrever  sobre  o mesmo tema, eu era desviado para  outro tema, e assim nunca conseguia   terminar  o  meu  estudo  sobre  o tal assunto. Então comecei a orar e pedir a direção divina. 

Até  que  um  dia em férias, fui a Curitiba e cheguei  a biblioteca  Pública  do Paraná,  e  me  sentei tranquilamente lá,  e  comei  a busca, e lendo  os livros, li alguns livros, fui  buscando os assuntos e os  livros  que  falavam  sobre  a  filosofia  e  sobre  a  teologia, quando  de  repente  eu  avisto  o livro  “Sermões do padre Vieira", e  quando  abri  o tal livro  eu me deparei com  o sermão intitulado de os  "Decretos  horríveis  de  Deus", e a mensagem falava sobre o Inferno esse lugar terrível ou um lugar de recuperação para homens e para anjos decaídos na rebelião de Lúcifer.  

                                 Abaixo imagem da disputa pela nossa alma o bem o mal
                                                                Fonte  Internet  2015

E  no mesmo  sermão o autor falava  sobre  o  Inferno. E  continuo  lendo  e  pesquisando  quando  para minha  surpresa  eu  avisto  o livro  dos  “Apócrifos  da  bíblia”  e continuo lendo e relendo  e  descubro  o livro do Evangelho  de  Nicodemus  e toda  patrística da igreja do primeiro século,  que nos  falam  sobre  a  “Descida  de  Cristo a  Mansão  dos  Mortos  ou  ao  Inferno”. E  daí  surgiu  uma pergunta:  mas  o  que Cristo  foi  fazer  lá  no  inferno  logo após a sua morte? Ele  não  deveria  ir  aos  céus  e  descansar  ao  lado e a direita de  Deus, e gozar  de umas  boas  e  longas  férias?

Mas  não, não foi o que aconteceu, os  evangelhos  todos  nos  dizem  que  ele  morto-vivo foi  para  lá, foi  para  o  inferno  para  soltar  as  almas  que  Satanás  havia  prendido  e  condenado  por  tantos  milênios. Imaginemos  irmãos; Desde  Adão até  Cristo pelos  cálculos  nós  temos  em  média  seis  mil  anos , ora  são seis mil  anos  de trevas, condenação e prisão. É muito  tempo que todas as  almas  penadas da humanidade  ficaram  trancafiadas  nas  garras de Satanás, nas penitenciárias  celestes e terrestres. E assim se expressa o apóstolo Pedro em sua primeira carta a igreja do primeiro século e escreve dizendo;

E no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas algumas pessoas, a saber, oito, foram salvas por meio da água... (I Pedro 3:19-20)


E Jesus  Cristo não perde  tempo, ele  é  enterrado  e  logo desce  até  o inferno  para  arrancar  das  mãos  do  inimigo  as  “almas que  são penadas”  isto é , almas  que  foram  para  o inferno  sem  a  justa  condenação, almas que  pertencem  a  Cristo. E  o evangelho  nos  diz  de que ele vai  e  arranca  os  ferrolhos  das  portas  da  morte  e  invade  o  inferno e  arranca  a  todos  dali. E  assim nos  diz  o  livro  de \Mateus.

“E Jesus  Clamando  em  grande  voz entregou  o  espírito: E eis  que  o véu  do  santuário se  rasgou em duas  partes, do alto  a  baixo, a  terra  tremeu, fenderam-se  as  rochas. Abriram-se os sepulcros  e muitos  corpos  dos  que  dormiam  ressuscitaram, e saindo  dos  seus  sepulcros depois  da  ressurreição apareceram  a muitos na cidade santa ...” ( Mateus 27:50-52)


E a partir  desse  momento  Cristo  assume  diretamente  o  julgamento  das  almas  humanas  e  assume  o comando  do  Céu  mas  também do Inferno. E quando ele aparece diante  do  trono do apocalipse, Cristo se  apresenta  como  aquele esteve morto mas que agora está vivo, e que agora tem as  chaves  da  morte  e  do  inferno, dizendo  eu  sou  o primeiro e  sou  o  último, eu  tenho  as  chaves  da  morte  e  do inferno.  Sabei  quem  é  Jesus  Cristo. Apocalipse (1:17-19)


E  em  seguida  vem  a  advertência  da  palavra  de  Cristo  ao evangelista  João no apocalipse dizendo; o  que vês  escreve  e  manda as  igrejas,e o voz nos fala  mais  no texto dizendo: Bem-aventurados  são  aqueles  que  escrevem, bem-aventurados são os que leem  e bem-aventurados são os  que  ouvem... e os que  praticam  o  que  os  santos  evangelhos  nos  ensinam, pois o tempo de sua segunda vinda está próximo... (Ap.1:3-4)

E   daí  surge  a pergunta para onde estamos indo todos nós...? Para o céu ou para o inferno?  O céu  realmente  existe é a pergunta de muitos ? E  o inferno fica  aonde ? O inferno  fica  lá embaixo..-----.?  E o céu fica lá em cima?  São perguntas intrigantes  e intermináveis. E  também surge  a  pergunta : Quanto  infernos  há ? Três tipos de inferno;  Lugar de densas trevas, Lago de fogo, ou separação da graça de Deus em  Cristo. 

Mas  o  que  significa  a palavra  inferno, ou  Geena? Um lugar  de mortos, dores, tormentos e aflições etc. E surge mais uma pergunta, quem cuida do inferno?  Deus ou Satanás? E essas almas tem recuperação? Para quem entra lá ou  para  quem vai  o inferno?  Inferno é um lugar  de tormento apenas, ou um lugar  para  recuperar  as  almas  penadas  ou almas perdidas?  E céu quantos  tipos  de  céu  existe ? Paulo apóstolo nos diz que ele  voou  até  o terceiro céu, em sua  divisão imaginária  ele  nos  diz que havia  três tipos  de  céus.. E da  mesma forma parece  que  há  três  tipos  de  inferno?  Sim  ou  não, eis  a  questão. Mas  sobre  esse  tema  há muita  coisa  escrita  e  muita  coisa  que  não se  descreve a  realidade  ou  há  exageros. O que nossa  civilização  está  acostumada em  ouvir sobre  esse  tema, mas  tudo é  superficial, nada  preenche  a  sede  do  que  realmente  significa  o  “céu”  ou  que  significa “ inferno” no  dizer  bíblico.

I. O INFERNO  E  OS  CONDENADOS -  DEUS  TEM  PRAZER  QUE  TODO  PECADOR  SE  ARREPENDA... A DIVINA COMÉDIA DE DANTE ALIGUIERI 


"A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da Terra Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do mar Morto onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante num poema que envolve todos os personagens bíblicos do antigo ao novo testamento são costumeiramente encontrados nas entranhas do inferno sendo que os personagem principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada é Virgílio o próprio autor da Eneida".

Dante e Virgílio chegam ao vestíbulo do Inferno (que tem nove círculos). Entre o vestíbulo e o 1 Círculo, está o rio Aqueronte, no qual se encontra Caronte, o barqueiro que faz a travessia das almas. Porém Dante é muito pesado para fazer a travessia no barco de Caronte, pelo fato de ser vivo. Porém, Virgílio adverte o mitológico barqueiro de que a travessia do rio através de seu barco é mister devido a uma ordem celeste. É através deste barco que Virgílio e Dante atravessam o rio.


1.O limbo é o local onde as almas que não puderam escolher a Cristo, mas escolheram a virtude, vivem a vida que imaginaram ter após a morte. Não têm a esperança de ir ao céu pois não tiveram fé em Cristo. Aqui também ficam os não batizados e aqueles que nasceram antes de Cristo, como Virgílio. Na mitologia clássica, o Limbo não fica no inferno, mas suspenso entre o céu e o mundo dos mortos. Na poesia de Dante não se tem uma noção precisa de como se chega lá, pois o poeta desmaia no ante-inferno e quando acorda já está no Limbo, o primeiro círculo infernal.



No Limbo, Dante encontra Homero (século IX a.C. ou século VIII a.C.) a quem tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada, que narra a queda de Troia, e Odisseia, que narra o retorno de Ulisses da guerra de Troia e suas viagens; Ovídio (43 a.C. a 17 d.C.) poeta romano autor de várias obras, entre as quais obras de mitologia como: Metamorfoses; e Horácio (65 a.C. a 8 d.C.) poeta romano lírico e satírico, autor de várias obras primas da língua latina, entre as quais Ars Poetica.

2.Segundo Dante o Purgatório é um espaço intermediário entre o Paraíso e o Inferno, que se encontra na porção austral, do planeta onde existe uma única ilha, Dante encontra nesta ilha uma montanha composta por círculos ascendentes, reservado àqueles que se arrependeram em vida de seus pecados e estão em processo de expiação dos mesmos. No Purgatório as almas assistem às punições das outras almas que por pecarem mais "intensamente" foram para o Inferno.

No início da subida da montanha estão esperando arrependidos tardios, que têm que aguardar a permissão para passarem pela Porta de São Pedro antes de iniciarem sua ansiada subida. Cada um dos sete círculos correspondem a um dos Sete pecados capitais, na seguinte ordem: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza junto ao Pródigo, Gula e Luxúria. Os Avarentos e Pródigos estão juntos no mesmo círculo, pois são os dois extremos, onde o avarento supervaloriza o dinheiro e o Pródigo o desperdiça.

No fim do Purgatório, Dante se despede de Virgílio, pois este não pode ter acesso ao Paraíso. Lá encontra Beatriz, sua amada quando estava na Terra. Esta o leva até o rio Lete. Quando Dante bebe a água do Lete, esta apaga a sua memória, seus pecados, é como se Dante tivesse renascido. Existe uma lenda que diz que o Paraíso fica entre o rio Tigre e o Eufrates. Quando Dante vê o rio, ele julga ser o Tigre, no atual Iraque. Finalmente, Dante chega ao Paraíso.

3. O inferno interior e o lago de fogo - Na definição de Vieira o inferno - Ali arde  o ódio, morde-se a inveja, escuma  a ira, a desesperação da raiva, grita furiosa a dor dos condenados, desafoga-se sem nunca  desafogar-se, converte-se  a vingança  em injúrias, em opróbrios, em maldições contra o sempre e mais e mais odiado Deus e amados Deus. De todos os seus atributos e de todos os benefícios divinos se ouve ali em desentoados clamores  a sua afronta, a justiça se chama injusta, a bondade se transforma iníqua, a misericórdia se torna cruel, a liberdade fica avara, a piedade ímpia, a sabedoria se torna em ignorância, e até a onipotência  se torna fraca e covarde, como empregada  somente aos  manietados e miseráveis.  No Pai se blasfema a sua criação, no Filho a redenção, no Espírito  Santo  a justificação e a graça,  e na humanidade sacrossanta  a humildade, a pobreza, a paciência, a obediência, a cruz de Cristo, e o mesmo sangue pago com seu infinito preço, derramado para apagar as mesmas chamas do inferno  que as acende, que as atiça, que assopra sempre mais e mais. Amigos e irmãos esta é a suma dissonância que lá há no mesmo inferno, é suma confusão das almas penadas, e sua desordem  que nos fala e considerava Jó  em seu sofrimento. E  porque  há  uma tal desordem no mesmo inferno? E  totalmente infernal  como concebida  e não proveniente da divina justiça de Deus, senão que é proveniente da maldade dos mesmos condenados, por isso  que com igual propriedade que do inferno se tira como lição o sumo horror...”

E  Deus  não  julga  por aparência, mas  Deus  julga  a todos os  atos  humanos  pela  realidade  dos  fatos e  Deus  também  não tem  pressa  em  julgar  a  ninguém, ele  dá  o tempo  necessário  para  que  todo  o pecador  se  arrependa  do  mal.

“ Visto  que  não se  executa logo a sentença sobre  a má obra, o coração dos  filhos dos homens está inteiramente  disposto a  praticar o mal. E ainda  que o pecador faça o mal cem  vezes e os  dias se lhe prolonguem eu  sei  com  certeza que  bem sucede  aos  que temem a Deus .” Palavras  do  rei  Salomão no  livro  de  Eclesiastes ( Ecl. 8:11-12)

A Descida de Cristo ao  Inferno  -  Segundo  a  versão da patrística  grega – Apócrifos  da bíblia  e outros  epígrafos.

Apresentação do tema:  Os Evangelhos Apócrifos mostram uma versão diferente das enunciadas pela Igreja Católica na questão sobre Jesus Cristo em sua vida é nos seus ensinamentos.E ao ler os Evangelhos Apócrifos percebi que são grandes patrimônios históricos da humanidade e que foram frutos das primeiras comunidades Cristãs e possuem influências gregas, egípcias, judaicas  etc. E que em alguns Evangelhos Apócrifos que citam Jesus de Nazaré e a sua doutrina são fantasiosos e outros Evangelhos Apócrifos até ultrapassam os  Evangelhos Oficiais e que vem somar aos ensinamentos de Jesus Cristo e completando grandes lacunas que existem atualmente. Os Evangelhos Apócrifos eram aceitos por diversas comunidades católicas de todo o Império Romano e a definição dos evangelhos que seriam verdadeiros e os tidos apócrifos começaram com o Imperador Constantino (272-337) e terminaram com o Decreto Gelasiano (492-496).

O Fundamentalismo religioso da Igreja Católica através da Santa Inquisição varreu e queimou grande parte destes evangelhos tidos como apócrifos e perseguiu implacavelmente no decorrer dos séculos os ensinamentos que eram contra a Cúria Romana. Acredito que as palavras do Nazareno foram sufocadas pelo imediatismo ou pela política dos poderosos de todas épocas, aonde a bíblia e os seus escritos tinham que se amoldar a Teologia dominante da Igreja Católica e da patrística da igreja, mais os ecos da verdade que são representados pelo Sermão da Montanha, representam a essência das palavras de Jesus Cristo de Nazaré.

II.DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO - Tudo acontece como na divina comédia de Dante Aliguieri. Dois textos apócrifos constituem o Evangelho de Nicodemus: Atos de Pilatos e Descida de Cristo ao Inferno. Em   sequencia  do outro e o completa, embora escritos em épocas diferentes. Justino, em 150, menciona em seus escritos um texto chamado Atos de  Poncio Pilatos, narrando os acontecimentos posteriores à  Crucificação.

Então José disse: "E por que vos admirai de que Jesus tenha ressuscitado? O admirável não é isto; o admirável é que não somente ele ressuscitou, como também devolveu a vida a um grande número de mortos, que há muito não são vistos em Jerusalém. E se não conheceis os outros, conheceis sim, pelo menos, Simeão, aquele que tomou Jesus nos braços, assim como também seus dois filhos, que igualmente foram ressuscitados. Pois a esses, há pouco tempo, nós mesmos demos sepultura, e agora podem contemplar seus sepulcros abertos e vazios, e estão vivos e morando em Arimatéia". Enviaram, então, algumas pessoas e comprovaram que os sepulcros estavam abertos e vazios. José então disse: "Vamos a Arimatéia e veremos se os encontramos". E levantando-se os pontífices Anás, Caifás, José, Nicodemus, Gamaliel, e outros em sua companhia, foram até Arimatéia onde encontraram aqueles a quem José se havia referido. Fizeram, então, orações e abraçaram-se mutuamente. Depois regressaram a Jerusalém em sua companhia e os levaram até a sinagoga. E, ali postos, fecharam as portas, colocaram o Antigo Testamento dos judeus no cento e os pontífices disseram-lhes: "Queremos que jureis pelo Deus de Israel e por Adonai, para que assim digais a verdade, de como haveis ressuscitado e quem é aquele que vos tirou de entre os mortos". Quando os ressuscitados ouviram isto, fizeram sobre suas faces o sinal da cruz e disseram aos pontífices: "Dai-nos papel, tinta e pena". Trouxeram-lhes e, sentando-se, escreveram da seguinte maneira: Oh, Senhor Jesus Cristo, ressurreição e vida do mundo! Dai-nos a graça para fazer nosso relato da tua ressurreição e das maravilhas que fizeste no Inferno. Nós estávamos, então, no Inferno em companhia de todos os que haviam morrido desde o princípio.

 E na hora da meia-noite amanheceu naquelas trevas, algo assim como a luz do sol, e com o seu brilho fomos todos iluminados e pudemos ver-nos uns aos outros. E ao mesmo tempo o nosso pai Abraão, os patriarcas e profetas e todos em uníssono regozijaram-se e disseram entre si: "Esta luz provém de um grande resplendor". Então o profeta Isaías, ali presente, disse: "Esta luz provém do Pai, do Filho e do Espírito Santo; sobre ela ou profetizei, quando ainda estava na terra, desta maneira: "Terra de Abulão e terra de Neftali, o povo que estava sumido nas trevas viu uma grande luz'. Depois surgiu do meio um asceta do deserto, e os patriarcas perguntaram-lhe: "Quem sois?" Ele respondeu: "Eu sou João, o último dos profetas, aquele que preparou os caminhos do Filho de Deus e pregou a penitência ao povo para remissão dos pecados. O Filho de Deus veio ao meu encontro e, ao vê-lo de longe, disse ao povo: "Eis aqui o cordeiro de Deus, aquele que tira os pecados do mundo'. E com minha própria mão batizei-o no rio Jordão e vi o Espírito Santo em forma de pomba que descia sobre ele. E ouvi também a voz de Deus Pai, que assim dizia: "Este é meu Filho, o amado, o que me agrada'.

E por isso mesmo também enviou-me a vós para anunciar-vos a chegada do Filho de Deus unigênito a este lugar, a fim de que aquele que acreditar nele seja salvo, e quem não acreditar, seja condenado. Por isto recomendo a todos que, enquanto o virdes, adoreis somente a ele, porque esta é a única oportunidade de que dispondes para fazer penitência pelo culto que rendestes aos ídolos enquanto vivíeis no mundo vil de antes e pelos pecados que cometestes; isto já não poderá ser feito em outra ocasião. Ao ouvir o primeiro a ser criado e pai de todos a instrução que João estava dando aosque se encontravam no inferno, disse Adão ao seu filho Seth: "Meu filho, quero que diga são os pais do gênero humano e aos profetas para onde eu o enviei quando caí no transe da morte". Seth disse: "Profetas e patriarcas, escutai: meu pai Adão, a primeira das criaturas, caiu uma vez em perigo de morte e enviou-me para fazer orações a Deus muito próximo da porta do paraíso, para que me fizesse chegar por meio de um anjo até a árvore da misericórdia, de onde haveria de tomar do óleo, para com ele ungir meu pai para que assimile pudesse recuperar-se de sua doença. Assim fiz. E, depois de fazer minha oração, um anjo do Senhor veio e disse-me: "Que pedes, Seth? Buscas o óleo que cura os doentes ou a árvore que o distila para a doença do teu pai? Isto não pode ser encontrado agora. Vai, pois,e diz ao teu pai que depois de cinco mil e quinhentos anos, a partir da criação do mundo, haverá de descer o Filho de Deus humanizado; Ele encarregar-se-á de ungi-lo com este óleo, e teu pai levantar-se-á; e, além disso, purificá-lo-á, tanto a ele quanto aos seus descendentes com água e com o Espírito Santo; e então, sim, ver-se-á curado de todas as doenças, porém, por agora, isto é impossível'. "Os patriarcas e profetas que ouviram isto alegraram-se grandemente.

 E, enquanto estavam todos se regozijando desta forma, Satanás, o herdeiro das trevas, veio e disse ao Inferno: "ó tu, devorador insaciável de todos, ouve minhas palavras: anda por aí um certo judeu, de nome Jesus, que chama-se a si mesmo Filho de Deus; mas, como é um homem puro, os judeus deram-lhe a morte na cruz, graças à nossa cooperação. Agora, então, que acaba de morrer, estejas preparado para que possamos colocá-lo aqui bem aprisionado; pois eu sei que não é mais do que um homem, e ouvi-o até dizer: "Minh 'alma está triste por causa da morte'. Sabes, além disso, que ele me causou muitos danos no mundo enquanto vivia entre os mortais, pois aonde quer que eu encontrasse meus servos, ele os perseguia; e todos os homens que eu deixava mutilados, cegos, coxos, leprosos ou algo semelhante, ele os curava somente com sua palavra; até muitos deles para os quais eu já havia preparado sepultura, ele fazia reviver somente com sua palavra". Então disse o Inferno: "E é ele tão poderoso assim que pode fazer tais coisas somente com sua palavra? E, sendo ele assim, tu porventura te atreves a enfrentá-lo? Eu creio que diante de alguém como ele, ninguém poderá opor-se. E o que disseste tê-lo ouvido exclamar, expressando seu temor diante da morte, disse-o sem dúvida, para rir-se de ti e enganar-te, para poder desafiar-te com seu poder. E então, ai! ai de ti por toda a eternidade!" Ao que Satanás respondeu: "ó Inferno, devorador insaciável de todos! Senti  tanto medo assim ao ouvir falar de nosso inimigo comum? Eu nunca lhe tive medo, e bem que aticei os judeus, e eles o crucificaram e deram-lhe de beber fel com vinagre. Prepara te, então, para que quando venha possa subjugá-lo  firmemente". O Inferno respondeu: "Herdeiro das trevas, filho da perdição, caluniador, acabas de dizer-me que ele fazia reviver somente com sua palavra a muitos dos que tu havia preparado para a sepultura; se, pois, ele livrou outros do sepulcro, como e com que forças nós seremos capazes de subjugá-lo? Há pouco tempo devorei um cadáver chamado Lázaro; porém, pouco depois, um dos vivos, somente com sua palavra, arrancou-o à força das minhas entranhas.

 E penso que ele é o mesmo ao qual tu te referes. Se, pois, viermos a recebê-lo  aqui, tenho medo de que corramos perigo também com relação aos demais porque deves saber que vejo agitados todos os que devorei desde o princípio, e sinto dores na minha barriga. E Lázaro, aquele que me foi arrebatado anteriormente, não é um bom presságio, pois voou para longe de mim, não como um morto mas sim como uma águia: tão rapidamente arremessou-o fora da terra. Assim, pois, conjuro-te por tuas artes e pelas minhas, não o tragas aqui. Tenho para mim que o fato de ele ter-se apresentado em nossa mansão quer dizer que todos os mortos cometeram pecado. E considera que, pelas trevas  que possuímos, se o trouxeres aqui, não me restará nem um só dos mortos". 

 Enquanto Satanás e o Inferno diziam tais coisas entre si, produziu-se uma grande voz como um trovão, que dizia: "Elevai, ó príncipes, vossas portas; descerrai, ó portas eternas, eo  Rei da Glória entrará". Quando o Inferno ouviu isto, disse a Satanás: "Sai, se és capaz, e enfrenta-o". E Satanás saiu. Depois o Inferno disse para seus demônios: "Trancai bem e  fortemente as portas de bronze e os ferrolhos de ferro; guardai minhas fechaduras e examinai tudo o que está em pé, pois, se aquele entrar aqui, ai! apoderar-se-á de nós". Os pais que ouviram isto começaram a fazer-lhe zombarias dizendo: "Comilão  insaciável, abre para que o Rei da Glória entre". 

E o profeta Davi disse: "Não sabes, cego, que estando eu ainda no mundo, fiz esta profecia: "Elevai, ó príncipes, vossas portas!?'"Isaías por sua vez disse: "Eu, prevendo isto pela virtude do Espírito Santo, escrevi: "Os  mortos ressuscitarão e os que estão no sepulcro levantar-se-ão e os que vivem na terra  alegrar-se-ão'; e onde estão, ó morte, teus grilhões? Aonde, Inferno, a tua vitória?  "Então, de novo veio uma voz que dizia: "Levantai as portas". O Inferno, que ouviu  repetir esta voz, disse como se não se apercebesse: "Quem é este Rei da Glória?" E os anjos do Senhor responderam: "O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha". E  num instante, à convocação de conjuração desta voz, as portas de bronze se tornaram  pequeninas e os ferrolhos de ferro ficaram reduzidos a pedaços, e todos os defuntos  acorrentados viram-se livres de suas correntes, e nós dentre eles. E entrou o Rei da Glória  na figura humana, e todos os antros escuros de Inferno foram iluminados. Em seguida o Inferno começou a gritar: "Fomos vencidos, ai de nós! Mas quem és tu, que possuis tal poder e força? Quem és tu, que vens aqui sem pecado? Aquele que é pequeno na aparência e pode grandes coisas, o humilde e o excelso, o servo e o senhor, o soldado e o rei, aquele que tem poder sobre os vivos e os mortos? Foste pregado à cruz e colocado no sepulcro, e agora ficaste livre e desfizeste nossa força. Então, por conseguinte, é tu Jesus, de quem nos falava o grande sátrapa Satanás, que pela cruz e pela morte tornar-te-ias dono de todo o mundo? "Então o Inferno encarregou-se de Satanás e disse-lhe: "Belzebu, herdeiro do fogo e da tempestade, inimigo dos santos, que necessidade tinhas de providenciar para que o Rei da Glória fosse crucificado e que viesse depois aqui e nos despojasse? Vira-te e olha que em  mim não ficou nenhum morto, pois que tudo o que ganhaste pela árvore da ciência puseste  a perder pela cruz. Todo o teu gozo converteu-se em tristeza, e a pretensão de matar o Rei  da Glória provocou tua própria morte. E, uma vez que te recebi com a recomendação de subjugar-te fortemente, aprenderás com a própria experiência quanto mal sou capaz de infligir-te.  Ó chefe dos diabos, princípio da morte, raiz do pecado, final de toda a maldade, que encontraste de mal em Jesus para buscar sua perdição? Como tiveste coragem para perpetrar um crime tão grande? Por que te ocorreu fazer um varão como este descer até  estas trevas, pois as despojou de todos os que morreram desde o princípio?  "Enquanto o Inferno admoestava assim Satanás, o Rei da Glória estendeu sua mão direita e com ela pegou e levantou o primeiro pai Adão.

 Depois dirigiu-se aos demais e disse-lhes: "Vinde aqui comigo todos os que foram feridos de morte pelo madeiro que me tocou, pois eis aqui que eu vos ressuscito pela madeira da cruz". E com isto levou todos para fora. E o primeiro pai Adão apareceu transbordante de gozo e dizia: "Agradeço, Senhor, tua magnanimidade por me haveres tirado do mais profundo Inferno". E  também todos os profetas e santos disseram: "Damos-te graças, ó Cristo Salvador do mundo, porque tiraste nossa vida da corrupção". Depois de assim haverem falado, o Salvador abençoou Adão na testa com o sinal da cruz. Depois fez a mesma coisa com os patriarcas, profetas, mártires e progenitores. E  a seguir pegou-os a todos e deu um salto do Inferno. E enquanto ele caminhava, os santos pais seguiam-no cantando e dizendo: "Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Aleluia! Sejam para ele os louvores de todos os santos". Ia, então, a caminho do paraíso levando pela mão o primeiro pai Adão. E ao chegar, entregou-o, assim como os demais justos, ao arcanjo Micael. E quando entraram pela portado paraíso, saíram dois anciãos, aos quais os santos pais perguntaram: "Quem sois vós, que não viestes a morte nem descestes ao Inferno, mas viveis de corpo e alma no paraíso?" Um deles respondeu e disse: "Eu sou Enoch, aquele que agradou ao Senhor e foi trazido aqui por Ele; este é Elias e Tesbita; ambos seguiremos vivendo até a consumação dos séculos; então seremos enviados por Deus para enfrentar o anticristo e ser mortos por ele, e ressuscitar no terceiro dia, para depois sermos arrebatados pelas nuvens ao encontro do Senhor". Enquanto eles assim se expressavam, veio outro homem de aparência humilde, que levava ainda sobre os seus ombros uma cruz. Os santos pais disseram-lhe: "Quem és tu, que tens o aspecto de ladrão, e que é essa cruz que leva sobre teus ombros?" Ele respondeu: "Eu, segundo dizes, era ladrão e assaltante no mundo e por isso os judeus prenderam-me e entregaram-me à morte na cruz juntamente com Nosso Senhor Jesus Cristo.

 E enquanto ele  pendia na cruz, ao ver os prodígios que se sucederam, acreditei e roguei a ele dizendo: "Senhor, quando reinares, não te esqueças de mim'. E ele logo disse-me: "Em verdade em verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no paraíso'. Vim, pois, com minha cruz nas costas até o paraíso e, encontrando o arcanjo Micael, disse-lhe: Nosso Senhor Jesus, aquele que foi crucificado, enviou-me aqui; leva-me, então, até a porta do Éden'. E quando a espada de fogo viu o sinal da cruz, abriu-me a porta e entrei. Depois o arcanjo disse-me: "Espera um momento, já que também deve ir o primeiro pai da raça humana, Adão, em companhia dos justos, para que eles também entrem. E agora, ao vê-los, saí ao vosso  encontro'. "Quando os santos ouviram isto, exclamaram em voz alta da seguinte maneira: "Grande é o nosso Senhor e grande é o seu poder". Tudo isto nós vimos e ouvimos, os dois irmãos gêmeos, que fomos também enviados pelo arcanjo Micael e designados para pregar a ressurreição do Senhor antes de ir até o Jordão e sermos batizados. Para ali fomos e fomos batizados juntamente com outros  defuntos também ressuscitados; depois viemos a Jerusalém e celebramos a Páscoa da ressurreição. Mas agora, na impossibilidade de permanecermos aqui, vamo-nos. Que a caridade, então, de Deus Pai e a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e a comunicação dos  Espírito Santo estejam convosco". E, uma vez isto escrito e fechados os livros, deram a  metade aos pontífices e a outra metade a José e a Nicodemus.  Eles, por sua vez, desapareceram imediatamente para a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém." Na versão da patrística ou pais da Igreja do primeiro século.


III> MAS  A  GRANDE  PERGUNTA  QUE  NÃO QUER  CALAR  EM TODOS  NÓS; O QUE  FAZEM  OS CONDENADOS NO INFERNO  POR TANTOS E TANTOS  ANOS ?

Sobre esse assunto assim se expressa padre  Vieira  em seu sermão;

“ A grande dúvida não examinada  e nem resoluta  até agora e a solução não outra senão o que eu dizia. Tudo o que obra  se  padece no inferno, ou  o faz  Deus  ou o fazem os condenados; O que faz Deus é  ordenado e ordenadíssimo, o  que fazem os condenados é suma desordem. E pergunta Vieira o que faz Deus no inferno?

A sua justiça decreta as penas, a sua misericórdia as modera, a sua sabedoria as distribui e a sua onipotência as executa, e com tal ordem, proporção  e medida que todas juntas ainda que tão terríveis  e espantosas resulta  no mesmo inferno  uma consonância e harmonia  pouco menos celestial  e verdadeiramente divina;  Nos tormentos  ou mais ou menos graves, ou mais ou menos agudos  que fazem as vozes; a diferença nas figuras, a eternidade dos tempos, a igualdade o compasso e o fogo, que é órgão das dores, tanto se levanta  ou se abaixa a pena, quanto é consonante a sua culapa....
E  o que fazem  os  condenados no mesmo inferno? Não se pode dizer  e nem imaginar a desordem, a confusão horrendíssima  daquele caos, concorde só no tumulto perturbadíssimo dos afetos e dos desafetos  e paixões com estrondo  confusissimo  dos bramidos e dos alaridos tremendos ,  com que aquela multidão imensa de línguas sacrílegas blasfemam a Deus no céu...

Ali arde  o ódio, morde-se a inveja, escuma  a ira, a desesperação da raiva, grita furiosa a dor dos condenados, desafoga-se sem nunca  desafogar-se, converte-se  a vingança  em injúrias, em opróbrios, em maldições contra o sempre e mais e mais odiado Deus e amados Deus. De todos os seus atributos e de todos os benefícios divinos se ouve ali em desentoados clamores  a sua afronta, a justiça se chama injusta, a bondade se transforma iníqua, a misericórdia se torna cruel, a liberdade fica avara, a piedade ímpia, a sabedoria se torna em ignorância, e até a onipotência  se torna fraca e covarde, como empregada  somente aos  manietados e miseráveis.  No Pai se blasfema a sua criação, no Filho a redenção, no Espírito  Santo  a justificação e a graça,  e na humanidade sacrossanta  a humildade, a pobreza, a paciência, a obediência, a cruz de Cristo, e o mesmo sangue pago com seu infinito preço, derramado para apagar as mesmas chamas do inferno  que as acende, que as atiça, que assopra sempre mais e mais. Amigos e irmãos esta é a suma dissonância que lá há no mesmo inferno, é suma confusão das almas penadas, e sua desordem  que nos fala e considerava Jó  em seu sofrimento. E  porque  há  uma tal desordem no mesmo inferno? E  totalmente infernal  como concebida  e não proveniente da divina justiça de Deus, senão que é proveniente da maldade dos mesmos condenados, por isso  que com igual propriedade que do inferno se tira como lição o sumo horror...”
APLICAÇÃO DA MENSAGEM - AS  DORES   E O CASTIGO  NA LÍNGUA  DO RICO E AVARENTO

Meus irmãos vejamos na parábola que é pintada por Cristo com suas palavras bem concatenadas e bem coligidas,o rico se lembra após a sua morte dos seus parentes e dos seus irmãos, e deseja ir evangelizá-los, mas depois de convencer-se de que ele não poderá sair de lá, ele pede ao Pai Abraão para que ele envie alguém e que vá ate a sua casa paterna, e avise o seus irmãos.E agora vejamos irmãos; ele sabe quantos irmãos tem, ele está consciente, ele raciocina, ele entende, ele se comunica, e de repente ele vê a Lázaro o mendigo e miserável que sempre estava ao lado de sua casa esmolando, ele sabia que Lázaro estava doente, e ele verifica de que Lázaro estava bem agora, mas ele agora estava e muito mal. Conforme nos descreve Lucas (Luc.16:23) "E o rico no inferno estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Lázaro no seio de Abraão..." Lázaro  Mas há uma outra coisa que me chama a atenção neste texto, é de que o rico se lembra de tudo isso. Mas há uma parte de seu corpo, uma parte de seus membros que mais lhe doía, era a sua língua e a sua garganta; e nós lhes perguntamos; o por que de tudo isso? porque a sua língua e a sua garganta lhe doíam tanto?

"E disse mais o rico; Pai Abraão manda a Lázaro que molhe em água o dedo e me refresque a língua  porque estou atormentado nesta chama..." (Luc. 16;24)A resposta possível eram as blasfêmias que ele desferia contra as autoridades e contra o misericordioso Deus no inferno. Mas creio que a resposta sobre este assunto vem do mesmo apóstolo Tiago que nos fala sobre a língua e sobre os cuidados com a nossa língua na difamação e calúnia, no capítulo três assim ele nos diz: (Tiago 3:1-10)" Ora a língua é fogo, a língua é um mundo de iniquidade, a língua está situada entre os membros do mesmo corpo e ela contamina o corpo inteiro,e ela não só põe em chamas toda a carreira da existência humana como também ela mesma é posta em chamas pelo inferno". Ora aqui está a grande advertência a todos nós cristãos piedosos; Enquanto que os seres angelicais descritos no livro do apocalipse os querubins cantores selecionados estavam dia e noite louvando a Deus dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus que era, que é, e que há de vir...e os outros seres infernais estão do lado de lá, fazem o contrário e dia e noite estão blasfemando ao autor de toda a criação em Cristo. E nos acrescenta Tiago dizendo no mesmo texto: Ora toda sorte de feras e animais se doma e tem sido domados pelo gênero humano, mas a língua nenhum dos homens é capaz de domar, pois ela está carregada de veneno mortífero.

Os espíritos que causam a tempestade no inferno, são as tempestade das injúrias e da contínua blasfêmia a Deus. E assim nestes termos se expressa Santo Agostinho dizendo:

"Para inteligência deste pensamento havemos de supor com a sentença comum dos teólogos que no inferno somente são punidos e castigados os pecados cometidos nesta vida. Os outros pecados que se cometem no inferno, tais como as contínuas blasfêmias e injúrias a Deus,não se castigam lá com nova pena, Segue-se que nesta terceira parte do inferno cessa totalmente harmonia e tudo resulta em nova dissonância e vem uma circunstância de horror incomparavelmente mais tremenda e tempestuosa, Pois os pecados que são cometidos nesta vida e vingados por Deus em Cristo, fazem a harmonia no inferno, porque a pena proporcionada está sempre junto da culpa,porém os pecados que se cometem no inferno como uma nova culpa não correspondem a nova pena, e em lugar daquela harmonia fazem uma nova dissonância tempestuosa, tanto maior quanto mais horrenda, quando o ódio e o desprezo por Deus é o maior pecado e não tem perdão, nem nesta vida e nem na eternidade nos fala o apóstolo João: "é pecado para a morte". E ainda nos acrescenta Santo Agostinho dizendo: Aqui está Deus ofendido mas vingado na cruz de Cristo, Lá no inferno não é mais vingado e mais e mais ofendido, fica uma pena de pecado sem perdão. Aqui triunfa a justiça  e desagrava-se o poder, lá prevalece o delito e a culpa e eterniza-se o agravo, aqui na terra o fogo da pena apaga a ofensa em Cristo,Lá no inferno o pecado da impunidade da culpa acende a injúria"...Esta é segunda morte onde serão lançados todos os que foram julgados e punidos, e serão lançados no lago de fogo junto com a morte e o todo o inferno blasfemador, é o que nos fala o livro do apocalipse (Ap.20:14) Santo Agostinho em seu artigo Pena e Castigo.

Irmãos o que me espanta é que Deus não somente esteja no céu como também no mesmo inferno, conforme nos diz o salmo 139 “ ...Se subo aos céus lá estás, mas se  desço ao mais profundo inferno  lá estás também... E daí se conclui que Deus padece no mesmo inferno  com suas criaturas rebeladas, e que Deus por sua imensidão não só esteja no céu como também  está  no mesmo inferno que ele criou para as suas criaturas rebeladas. De modo que pode padecer sim, e padece  com suas criaturas. Como vimos Deus padecendo em Cristo na cruz do calvário, e como Cristo padeceu e padece no mesmo inferno as suas injúrias, e assim Deus padece no inferno, conforme temos visto quando Cristo vai descer  a mansão dos mortos logo após a sua crucificação ele desceu aos infernos para resgatar os seus escolhidos que ficaram presos nas trevas por tantos e tantos anos. Deus manda que meu coração o ame, que a minha língua o louve, porém não pode mandar que meu coração o aborreça e nem que minha língua o blasfeme. Portanto irmãos e amigos o nosso caminho é nos reconciliarmos com Deus através de seu filho Jesus Cristo que nos trouxe o ministério da reconciliação. Que o nosso Bondoso Deus abençoe a todos nós e nos de a sua paz.
Alfonso Czaplinski

BIBLIOGRAFIA  DE  APOIO

1. Evangelho de Nicodemus - Livros Apócrifos Ciclo de Pilatos -Tudo acontece como na divina comédia de Dante Aliguieri. Dois textos apócrifos constituem o Evangelho de Nicodemus: Atos de Pilatos e Descida de Cristo ao Inferno. Um em  sequencia  do outro e o completa, embora escritos em épocas diferentes. Justino, em 150, menciona em seus escritos um texto chamado Atos de  Poncio Pilatos, narrando os acontecimentos posteriores à  Crucificação.  Descida de Cristo ao Inferno - Editora Fonte Editorial,2005 Rua Barão de Itapetininga - SP - Capital  paginas 742-572 2005.

2. Padre Vieira  1608-1697 -  Sermões de padre Vieira Discurso Quatro - Decretos Horríveis de Deus - página 246- 272. Vale a pena lembrar que o padre Vieira que era um ferrenho jesuíta e perseguidor  dos protestantes  na época, era um agostiniano grande parte de seus sermões foram baseados nas pregações e sermões de Santo Agostinho.Nisso Vieira se aproxima dos calvinistas, que parece que ele tanto combatia em suas mensagens. Em quase  todos os seus sermões ele faz alusão ao teólogo Santo Agostinho. E quando ele escrevia este sermão dos decretos horríveis de Deus ele estava possível mente na cadeia. Pois ele foi cônsul no  Na Itália e na França; e pelo que consta na história e ele dois anos preso e desterrado por  ordem papal da época.

3. Livro de Santo Agostinho em Pena e Castigo, Textos selecionados de teologia . - Santo Agostinho (354-430) foi um filósofo, escritor, bispo e teólogo cristão africano, responsável pela elaboração do pensamento cristão. Deixou uma obra literária gigantesca, foram 113 trabalhos, 224 cartas e mais quinhentos sermões [Biografia de Santo Agostinho]

4. A Divina Comédia de Dante Alighieri - Escritor italiano que viveu nos anos de 1265-1321, estudou ciências, artes e teologia. E foi preso e exilado, e na prisão escreveu o poema de a Divina comédia, que se tronou em clássico da literatura universal. Onde autor nos fala em tom poético os horrores do inferno, e os cuidados para não se ir para lá. Aqui Dante faz uma analogia com o seu estado prisional da época, e na prisão onde ele mesmo estava penando por motivo desconhecido.

4. Biblia Sagrada -  Textos selecionados da parábola de Lucas onde ele descreve os horrores do inferno do rico avarento e os cuidados de que devemos ter para não ir ao inferno. E Nessa parábola Cristo quer atingir os saduceus e aos fariseus que não criam no inferno. Alias, os fariseus criam no inferno mas negavam a Deus por suas atitudes, e os saduceus ao contrário não criam que existisse céu, anjos ou inferno. Eram os ateus ou atoas da época de Cristo. (Luc. 16:19-31) e os cuidados com a nossa linguagem, o pecado da blasfêmia aos homens, as autoridades e Deus nosso supremo e misericordioso Deus. Escrito por São Tiago e com bastante propriedade e fala sobre os perigos da nossa língua e da nossa linguagem.

5.Textos Avulsos de Sermões pela Internet - e Livros avulsos de pregadores 


 (Tiago 3:1-13)